Pouco depois de Vale completar teus 21 anos, tive
que retornar a Florença. Meu pai ia e vinha e me trazia noticias de Heráclito,
meu marido que me mandava uma carta dizendo o quanto sentia saudades
insuportáveis de mim, que se mataria se não me visse logo depois destes longos
anos separados. Sua letra era tão bonita quanto a sua cara sem dentes e cabelo.
Estas palavras era a chave para retornar a Itália.
Não pelos sentimentos, mas foi desta forma que combinamos de que quando
houvesse necessidade de voltar, que mandasse uma carta de amor. Mas é claro que
ele exagerou! Amor é vida, e não morte... Se bem que se tratando dele, acredito
que foi de coração (putrefato em suas
mãos e escorrendo o sangue...).
Ao fazer minhas bagagens, Valentina estava ao meu
lado calada. Não havia necessidade de que falasse mais nada. A compreendia,
pois seus olhos estavam marejados.
Meu pai depois de uma recente viagem de Florença
decidiu ficar mais algum tempo em Kupala para que não sofresse tanto do vazio
que a casa ficaria novamente somente com ela e os criados.
Meu coração estava amargurado, mas sabia que
deveria seguir. Srª Ausra e Embry já haviam dito que não tardaria uma carta de
Heráclito para mim e que deveria me preparar ainda mais com todas as forças que
pudesse reunir, pois o tempo por lá estava se fechando.
Esses longos 6 anos longe de Florença me fizeram
adquirir mais conhecimentos e aprimorar minhas magias, uma vez que me
encontrava em Eska novamente junto com as minhas outras irmãs e agora, com uma
filha.
Depois de preparar e encher a carruagem com meus
pertences, Embry apareceu para informar-me que 2 Garous, assim como da primeira
vez que fui a Florença, iriam me acompanhar o mais perto que pudessem e que Srª
Ausra estaria me observando de Eska.
Ao me despedir de meu pai e de Valentina, subi na
carruagem e segui caminho no meio da floresta. Dois minutos depois, pela
primeira vez sem auxílio de minha mentora, Vale me disse que me amava e que
sentiria muito a minha ausência.
Uma lágrima escorreu em meu rosto. Pela terceira
vez na vida¹. Mas desta vez, de felicidade.
¹A primeira vez foi em seu nascimento. A segunda,
com o encontro com Petronius.
2 comentários:
Tão poucas lágrimas?
Hugo Marcelo
Pois é. Não se pode sair distribuindo lágrimas se para elas a vida é boa!
:)
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