29 de setembro de 2009

Perfil Choeur Céleste (Coro Celestial)

    
Nenhum som é mais transcendental que as vozes do homem e de Deus em harmonia. Transportado pela comunhão, um canto humano imperfeito eleva-se como o vento e torna-se um carrilhão na música das esferas. Por isso, como é terrível ouvir esse canto sendo sufocado pelo tilintar de moedas e o ruído de vestes. O canto é rompido como um ladrão no suplício da roda, e suas notas tornam- se amarguradas. Os verdadeiros Cantores do Senhor se aterrorizam com esse clamor e levam as luzes à escuridão, às vezes com velas, outras vezes com ferretes.

O Canto começa com a Criação. A medida que Deus Cantou as primeiras notas, a Terra, os céus, os anjos e todos os seres vivos juntaram-se a sua voz. O Canto Divino aumentou num crescendo, e em seguida tudo repousou. Mas Lúcifer trouxe dissonância, e sua voz envolveu-se ao redor da base da Criação. No Jardim, Adão e Eva reuniam-se ao Senhor todos os dias através de cantos. Na noite da Queda, eles deixaram de cantar, e o mundo tornou-se mais sombrio a partir de então. Deus ainda ama o mundo, mas a Criação não canta mais para ele.

Mas o Canto nunca terminou. Para ouvi-lo é preciso Despertar. Todos os Coristas o fizeram, e sua missão é compor um hino que trará todas as vozes de volta à harmonia — rapidamente! Os Coristas ouvem um novo Canto à distância — uma Nênia Final. Antes que suas notas rebentem os pilares do Céu, os Cantores precisam unir as vozes Despertas e fazer com que a harmonia volte ao mundo.

É uma tarefa perigosa, que começou quando o magus egípcio Mentu-hetep promoveu uma reunião. Muitos magi ouviram os ecos do Primeiro Canto, mas poucos lhe deram atenção. Com aqueles que o fizeram, Mentu-hetep criou a Congregação Sagrada e enviou-os outra vez ao mundo. Eles não tinham muita utilidade nesse mundo; até que Jesus Cantasse acima dos ruídos, na Criação se ouvia apenas a dissonância.

Muitas seitas que se lembraram do Primeiro Canto juntaram-se à Ária do Salvador. Uma sociedade, as Vozes Messiânicas, surgiu pouco antes de Sua crucificação; depois disso, elas mantiveram Seu Canto vivo. Apesar das fogueiras, dos leões e outros tormentos, seu Canto continuou até que um imperador começasse a cantar também. Na época em que Roma entrou em colapso, as Vozes já tinham uma posição firme na Igreja — e a amizade dos Cavaleiros de Gabriel.

Conforme a Igreja cresceu, as Vozes aumentaram... às vezes com orgulho. Em sua tentativa de espalhar a harmonia, eles enfrentaram pagãos e magos. Embora militantes no princípio, alguns Cantores começaram a questionar a Ária escrita com lâminas. Seu canto hesitou, então desapareceu por trás dos gritos da Inquisição. O "Cisma da Piedade" resultante acabou com as Vozes Messiânicas; perseguidas por seus antigos companheiros, elas começaram a cantar apenas para si mesmas. Mas a Voz de Deus não pode ser negada. Unidas pelo carismático Cantor Valoran, as Vozes refugiadas e os Cantores recém-Despertos uniram-se num "Coro Celestial", promovendo sua melodia triunfante na companhia de hereges. Aos olhos da maioria, os Coristas também são hereges.

Aos olhos da maioria, os Coristas também são hereges. Seus métodos místikos marcam-nos como ferros em brasa. Apenas a compreensão e uma grande fé poderiam levar uma pessoa a unir-se a uma sociedade como essa, e realmente muitos a deixaram. Aqueles que permaneceram são almas fortes e devotas, brilhando com convicção.

Cada um desses magi (eles não toleram seu chamados de "feiticeiros") ouve os ecos do Primeiro Canto de forma tão intensa que nenhum fogo pode detê-lo. Se pudessem escolher entre uma Igreja decadente e uma congregação nova e essencial, os Cantores prefeririam esta. Afinal de contas, Jesus ensinou prostitutas e cobradores de impostos; a maioria dos Coristas prefere estar cercado de pecadores honestos do que de hipócritas religiosos.

O Coro proporciona uma voz de consciência, reverência e caridade num Conselho repleto de ódio e rancor. Não que eles sejam submissos — é preciso ser um homem forte para ficar diante dos portões do Inferno e cantar! Um Corista Celestial é um fora-da-lei perante a Igreja e um inimigo para muitos de seus companheiros. Seria mais fácil simplesmente ocultar-se nas sombras da Igreja e esconder sua lâmpada sob uma cesta, mas a luz arde com tanta intensidade que ele não pode virar as costas para ela. Dividido entre a fé, o medo e a Voz inegável de Deus, ele afina sua voz, enche os pulmões e canta para sua alma imortal.

Filosofia: Nosso Pai tem muitas vozes — quando você o ouve no canto de outra pessoa, não pode ignorá-lo. Esse Canto pode vir da garganta de um mouro, de um artesão e mesmo de uma bruxa; as palavras não são importantes quando a fé está ali. A Nênia Final cresce como um trovão à distância. Logo ela irá sufocar-nos, a não ser que todos cantemos juntos.
A coragem deve ser seu refrão — a coragem de Daniel no covil dos leões ou de Cristo no Calvário. O Canto do Senhor nunca foi doce ou fácil, mas Sua Graça irá afastar as próprias chamas do Inferno.

Estilo e Ferramentas: Canto, fogo e preces concentram o poder em Deus. Conforme curam os doentes, cultivam as plantações e invocam chamas do céu, esses místikos brilham com a glória divina. Como santos, os Coristas muitas vezes manifestam auréolas e raios de sol quando realizam suas Artes; quando os mortais presenciam demonstrações como essas, eles se ajoelham em admiração. Em termos de jogo, a maioria dos milagres Celestiais são casuais; nenhuma outra seita goza da mesma reverência por parte das pessoas comuns.
O preço é a devoção: embora cada Cantor sofra de dúvidas e lapsos, sua fé precisa ser gigantesca. Como o vão de uma catedral, a visão de um Corista estende-se a um local exaltado que a maioria dos humanos nunca vê. Sem uma convicção profunda, suas Artes — e sua sociedade — seriam impossíveis.

Organização: Diversos títulos do Conselho vêm de sugestões de Valoran; assim, o Coro utiliza-os sem reclamações. O Tribunal Miseracordium (Tribunal de Perdão) determina as políticas para a Tradição; Valoran encabeça o Tribunal, mas não o domina, a não ser que isso seja necessário.

Primus: Valoran (o "nome secreto" de um bispo francês).

Iniciação: Embora alguns Coristas venham do clero, a maioria é composta simplesmente por pessoas comuns que experimentam visões arrebatadoras. Uma pessoa deslumbrada por tal conhecimento pode encontrar seu caminho até outras almas com a mesma mentalidade ou a algum local ou livro sagrado. Ele aprende conhecimentos secretos com seu mentor. A iniciação inclui sete juramentos sagrados, cujo não cumprimento pode levar à morte: Silêncio, Caridade, Perdão, Reverência, Reflexão, Trabalho Sagrado e Iluminação.

Daemon: Nenhum Corista usa essa palavra para descrever os anjos, santos ou vozes Divinas que o orientam.

Afinidades: Primórdio, Forças e Ar.

Seguidores: Clero, adoradores, guarda-costas, freqüentadores da igreja, os doentes.

Conceitos: Eremita santo, padre, reformista da Igreja, renunciador ao clero, curandeiro, erudito, cavaleiro, inocente, pessoa decaída recuperada pela fé.


Estereótipos

Magi do Conselho: Cantamos perante um Conselho de lobos, mas talvez possamos diminuir seu apetite lembrando-lhes o Canto que todos compartilhamos.

Dedaleanos: Oh, gema, Prometeu! A águia do Orgulho rasga seu fígado enquanto a Razão o acorrenta a uma pedra. Mesmo eu não posso soltá-lo — você precisa levantar-se por vontade própria.

Infernalistas: Precisamos silenciar a Nênia Final em suas gargantas.

Discrepantes: Vozes gritando em terras desertas. Precisamos reconfortá-los.

Desauridos: Deus cega os orgulhosos com conhecimento. Reze para que você não se junte a eles.



Veja minha lâmpada. Ouça minha voz. 
Por favor — o momento final se aproxima...

Referência bibliográfica
BRUCATO, Phil. Mago: a cruzada dos feiticeiros. São Paulo. Devir. 2002.

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