Graças a Srª. Ausra, era possível ouvir a voz de
Vale se desenvolvendo, apesar de toda a distância que existia entre a gente.
Ela se desenvolvia mais rápido do que o comum, e
era capaz de fazer muito mais coisas do que eu mesma fui na sua idade.
Toda lua cheia era motivo para me reportar a minha
mentora e falar com aquela menina que tinha um sorriso doce e um olhar
nebuloso, e que me esperava sentada em um banco perto da árvore que perdia suas folhas.
Conversávamos sobre suas descobertas, seus “amigos”
espirituais, sua visão a outros lugares que iam se desenvolvendo com o passar
do tempo.
A vida não estava fácil em Florença, tão pouco em
Kupala Alka. Ainda havia a inquisição que atravessava nossos caminhos. Uma vez,
Vale teve que ficar 12 dias em Eska devido a presença constante da inquisição
que anotava tudo que era de anormal. E o que mais de anormal em uma italiana na
Lituânia?
Para Valentina, não a fazia ter medo. Não era
dotada de grande beleza, mas de uma personalidade muito grande que para alguns
era um dom, para outros era um grande problema.
Sra.ª Ausra teve sempre que intervir, principalmente
em rituais que os Garous apareciam. Vale
sempre desejava dar sua opinião no circulo dos anciãos. Ora, uma menina que
agora tinha 12 anos, mas que já deveria saber respeitar os mais sábios.
Por ela, já teria voltado a muito anos antes, para
onde ela dizia: minha mãe de alma. Era necessário que passasse várias horas com
ela, afim de saciar a sua vontade de compreender o porquê dela ter sido
“deixada” lá.
Quando completou 15 anos, foram os anos mais calmos
em Florença. Pude revê-la e abraça-la novamente. Contudo percebia que algo
havia aflorado nela: sua capacidade de falar da morte com mais facilidade do
que todos nós. “Talvez tenha sido o contato que ela tenha tido de referência
com Heráclito”, disse Embry rosnando.
“Ela agora deu para fazer florescer o campo e
depois secá-lo, com uma tal velocidade e um grande prazer nisso”. Complementou
Srª Ausra.
“Logo depois ela sorri e faz com que novas flores
surjam novamente e preencham o chão que estava marrom. Você tem que tomar
responsabilidade por o que é seu Svetlana! Sua menina está saindo do nosso
controle!”, disse Embry com um tom meio misterioso.
Apesar de concordar em parte com eles, não
conseguia ver nesta menina, a “maldade” que eles viam. Ela continuava a sorrir
nas primaveras e a caminhar sobre as folhas do outono.
Sua idade agora representava em seu corpo, que
havia crescido e aflorado na sua primeira noite de encontro com os do homens do
Sol. No dia seguinte ela veio até a mim e disse que estava pronta para voltar.
2 comentários:
E Valentina virou mulher...
Hugo Marcelo
Cresceu a menina...
Já pensou se ela se casa com um das tuas cabalas?
hahahahaha
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