27 de outubro de 2011

Cap. 16 – Conversa na fogueira.

¥ Svetlana Olen ¥



No meio de meus sonhos, ouvi penetrando uma risada irônica de alguém que não conhecia. Ao me acordar, levantei para ver o que estava acontecendo. Um pouco mais a frente, me deparei com Bruno conversando com alguém cujo não conseguia ver seu rosto.

- “Vamos, não há razão para rir! As coisas não estão nada bem... Eles estão cada vez mais perto. Ausra teve que ficar e proteger o Cray de Eska com o que restou da Cabala. Ela pediu para acompanhar a menina até Florença. Eu farei o que me pediram é claro, mas em troca ganharei o que havia pedido”. Falou Bruno com um ar sério.

- “Por que você é sempre tão chato? Rio agora porque sei que passaremos um bom tempo sem rir. O que vem pela frente não será nada bom. Tenho certeza disto! A menina estará protegida, desde que não se faça notar pelos Dedaleanos. Amanhã retornarei à Avignon. Levarei noticias suas à Antoniette. Trate de não tardar!”.

- “Sim, sim. Não me amole. Assim que me certificar que ela chegou bem à Florença, voltarei à Avignon. Obrigado Louis! Você me ajudou muito esta noite. Não sabia do tumulto que estava ocorrendo em Grashika. Ainda voas bem meu caro!” – Complementou Bruno beijando o rosto do desconhecido.

- “Hahahahaha” Rindo com tal potencialidade que mais se assemelhava a um animal do que um humano! E complementou: “Sabe, ainda estou pensando naquelas pobres criaturas... o que havia de tão valioso naquele anel para os Dedaleanos quererem tanto? Espero que os feéricos tenham se saído bem!”

- “Tem certeza que eles não perceberam nada? Não nos viram, não é mesmo?” – indagou Bruno.

- “Mas é claro que não! Viemos com muita velocidade na escuridão que nem Vitalija teria escutado, visto ou sentido!”, se vangloriou. “Além de imprudente, você também é mal educada escutando a conversa dos outros sem se apresentar?”

Peguei um susto tão grande, como aqueles que eu tinha quando Embry aparecia do nada para brinca quando criança!

- “Peço perdão. Acordei a pouco e não sabia como entrar na conversa”, falei com a voz encabulada sem saber o que fazer.

-“ É porque a conversa não era pra ser sua. Ande, venha até a mim para poder observá-la melhor!” Replicou o homem.

Ao me aproximar, senti seu cheiro de suor exalando pelos lados, algo meio selvagem.
- “Você é muito bonita Svetlana, além de muito atraente!” – Disse o grande com um sorriso no rosto.

- “Obrigada”, respondi. “O senhor é quem?”

- “Ele foi aquele que salvou a sua pele hoje, assim como eu. Não vai nos agradecer?” Esclareceu Bruno.

- “Ah sim. Obrigada por me salvarem do que eu ainda não faço idéia do que seja!” comentei com um tom meio sarcástico, pois já estava cansada de ser tratada como uma garota inconseqüente!

- “Acalme-se menina! Viemos aqui para nos certificar de sua chegada a Florença sem imprevistos. Há um grupo de mago que faria de tudo para retirar a sua preciosidade! Pedimos para que tome cuidado agora! Há males muito maior do que ser ignorante em algo!” Replicou Louis.

De repente, consegui escutar a voz da Sra. Ausra: “Essas pessoas são bons guardiões. Você deve ouvi-los! Sua missão é mais importante do que seus desejos inconseqüentes! Esta noite vários amigos foram mortos! Não quero que aconteça o mesmo com você!”.

Naquele instante percebi que havia algo mais grandioso e misterioso a ser cumprido, algo a mais do que a vida estava em jogo, muito mais do que sede e desejos.
Minha satisfação deveria ser contida até a minha segurança ultrapassá-la.

- “Vamos. Deixaremos-te na Hospedaria”, comunicou Bruno.

Louis que estava sentado se levantou e ao soprar o vento, transformou-se em um lindo lobo negro.

- “Monte, devemos retornar agora!” me adiantou Bruno.

E foi voltando montada a cavalo que cheguei até o quarto. Meu pai ainda dormindo girava de um lado para o outro até abrir os olhos e perguntar:

- “Onde estavas?”

- “Refletindo Papai, refletindo. Durma agora. Precisamos descansar. Amanhã será um longo dia!” finalizei apagando a lamparina.

Ao me deitar, sorri por saber que Sra. Ausra estava bem e eu também.

4 comentários:

Hugo Marcelo disse...

Oi Camila,

Muito bacana este texto.
Gostei muito desta forma de enxergar o mundo: não deixe para amanhã a gargalhada de hoje... Hehehe

Camila Numa disse...

Pois é Hugão,
tudo isso é reflexo do "nosso futuro"!!!
hahahaha
Bjs

dklautau disse...

Louis, um garou francês! Dá pra saber por exalar selvageria (fedido), o instinto primal aflorado (tarado), e pela gragalhada diante do abismo (sem-noção).

Mas quem é o Bruno?? Outro garou? um feérico? Mago?

Eska foi atacada? POr quem? Nephandi? Tecnocratas? Espíritos?

Quero saber!

Obrigado D. Numa, excelente enredo.

Camila Numa disse...

hahahahahha
As respostas estão chegando...

^^