20 de fevereiro de 2012

Mestres Celestiais


O destino humano está escrito nas estrelas. Os primeiros magi voltaram suas atenções em direção ao Céu quase que por instinto. Seus descendentes hereges, astrônomos com o despudor de chamarem a si mesmos de "Mestres Celestiais," deixaram de observar o Céu e começaram a questioná-lo. Na calada da noite, eles miram seus telescópios para cima e rezam para que as respostas que obtenham não os enlouqueça.

Para esses magi, o sol, os planetas e as estrelas são conjuntos enigmáticos que revelam verdades perturbadoras. Examinar o céu é apenas parte do plano; os Mestres querem visitá-lo — caminhar através do portão de Deus e pedir uma audiência pessoal.

Quando os sacerdotes da Babilônia e do Egito mapearam o céu, eles previram acontecimentos e personalidades na passagem das estrelas. Conforme as comunidades exigiam horários, os astrônomos forneceram-lhes dias, semanas e anos. No entanto, a ligação inegável entre o céu, a Divindade e a humanidade permanecia incompreensível. Uma centena de disciplinas celestiais forneceram a base para um estudo maior quando Antônio Vello e sua patronesse (e amante) Marina Sabine montaram uma escola de astrônomos e aventureiros: o Collegium Astrologia. Insatisfeitos em serem brinquedos das forças do Céu, esses filósofos começaram a buscar ativamente por descobertas; em vez de simplesmente anotar e acompanhar fenômenos, eles queriam afetá-los. Envoltos em seus mantos acadêmicos, esses assim chamados "Mestres Celestiais" brincavam com aparelhos projetados de forma questionável, esperando encontrar o Céu. O mais herege de tudo, logo eles começaram a experimentar viagens para o céu. Heróis lendários ascenderam às estrelas; os assim chamados Mestres queriam segui-los.

E logo o fizeram.

Alguns mestres chamam-no de "Caminho Assolado," "Caminho Reto" ou "Caminho Longo" — uma trilha além dos limites do mundo. Para navegá-la, as embarcações partem na calada da noite e seguem adiante, nunca descendo abaixo do horizonte, indo para frente até que deixam as ondas para trás. Esses barcos apanham os Ventos Celestiais com suas velas ou seguem viagem graças às notas da Música das Esferas, rumando para mundos diferentes. O nevoeiro do mar engole a embarcação e a carrega até os Outros Mundos. Mas o Caminho Assolado é traiçoeiro e incerto; muitos navegantes nunca retornaram ou ficaram à deriva pelos oceanos até encontrarem terras, não estrelas. Expedições pelo Caminho são caras e muitas vezes malfadadas. Para superar esse problema, o capitão Bernardo Marzani construiu um dirigível e foi para cima em vez de para fora. Sua primeira expedição retornou da lua com sua tripulação ilesa de modo geral. Embora Marzani morresse logo depois, seu exemplo conferiu uma nova jornada para os Mestres, uma Profundum Expeditio que viaja direto para as estrelas em vez de seguir afora rumo a elas.

Agora os Mestres dividem-se entre aqueles que estudam, aqueles que inventam, aqueles que exploram e aqueles que profetizam. A Casa de Prometeu mapeia o Firmamento, descrevendo as características do céu em tomos enormes e enigmáticos. A Casa de Dédalo trabalha com Maçônicos e Artífices, desenvolvendo grandes embarcações, armas e obras mecânicas essenciais para a Expeditio. A Casa de Hélio envia "Naus do Céu" aventureiras para o mar ou para as nuvens, enquanto a Casa de Selene transcreve crônicas, publica teorias e faz profecias baseadas nos mistérios que desvendam.

Este último grupo é chamado pelas costas de "a Casa de Cassandra"; como a profetisa, esses videntes começaram a proferir um aviso silencioso, mas urgente. Navegantes do Céu que retornam afirmam que a Terra é uma bola insignificante no Vácuo celestial, e que criaturas horríveis vivem além das estrelas. Esse rumor não é apenas uma blasfêmia para todas as verdades religiosas e científicas, mas dá sinais de forças que nem mesmo Deus pode conceber. Algumas "Cassandras" afirmam que seus destinos dependem de grupos de guerra, equipando Naus do Céu para uma campanha contra essas forças; outras estão reprimindo essas descobertas ou impedindo toda a Expeditio antes que ela fuja de controle. De qualquer forma, seus esforços são sutis. Homens de fé (particularmente os Gabrielitas) ficariam felizes em queimar toda a Convenção se ouvissem um único Mestre questionando a Grande Criação de Deus.

Como um todo, os Mestres são uma Convenção abastada; a maioria dos Prometéicos e Dedaleanos são nobres ou têm patronos ricos. Os cofres cheios do grupo financiam experiências e jornadas elaboradas, algumas das quais propiciam grandes retornos. No entanto, a maior riqueza vem do potencial de comandar a Esfera do Céu. Comparado a esse poder, o ouro não é nada. Contudo, alguns Mestres começaram a duvidar que alguém — homem ou Deus — pode verdadeiramente reivindicar o título quando o céu se estende eternamente.

Filosofia: Há poder nas estrelas; um visionário sábio e instruído é capaz de utilizar esse poder. O conhecimento é a chave para as correntes da ignorância. Para libertar-se dessas correntes, arranque a chave do Céu.

Estilo e Ferramentas: Uma matemática estranha e "truques" secretos de tempo e distância permitem que os Mestres Celestiais abram portais através do espaço. Mapas astrológicos, quando usados corretamente, podem tornar-se meios para profecias, influência, encantamentos e até mesmo leitura da mente. Embarcações, telescópios e ferramentas de navegação realizam suas funções usuais, enquanto Dispositivos estranhos de laboratórios Prometéicos canalizam as forças dementais. E ainda há ocasionalmente ervas, minérios e gases alienígenas trazidos do espaço e capazes de Deus sabe lá o quê...

Organização: Bastante autônomos; cada casa possui um Magistrado, que conduz os negócios como achar adequado. Esses Magistrados reúnem-se num conselho duas vezes por ano em Paris, decidindo políticas durante encontros elegantes de uma semana. Os Navegantes do Céu consideram-se uma Convenção separada ligada aos Mestres Celestiais e aos Perseguidores, mas seguem as determinações do conselho, ainda que apenas pelo ouro. Apesar da imagem popular de barbas longas e lunetas, muitas mulheres astutas formam a espinha dorsal dessa Convenção.
Maximi: Caesare de Porto e Sabina Valmarana (bisneta de Mariana Sabine).
Iniciação: Acima de tudo, um Mestre não teme nada; almas tímidas não são permitidas. Todo Aprendiz precisa demonstrar coragem, inteligência, astúcia e percepção. Um candidato promissor encontra um patrono, então passa por exames baseados em sua Casa; se passar, seu patrono decide como melhor empregar seus talentos.
Daemon: Em sonhos, as estrelas e constelações aconselham seus observadores, instruem-nos e às vezes os punem.
Afinidades: Conexão, Espírito e Ar.
Seguidores: Príncipes mercantes, patronos de astrólogos, construtores de barcos, marinheiros, estudiosos, filósofos radicais.
Conceitos: Navegante do Céu, profeta do horóscopo, astrônomo, inventor maluco, visionário paranóico, cientista atormentado.
  
Estereótipos
Magi do Conselho: Não são um bando ruim depois que você os conhece melhor. E claro que são terrivelmente desorganizados, mas não carecem totalmente de visão ou ambição.
Dedaleanos: Temo que sejam um mal necessário. Uma pessoa ocasionalmente precisa suportar companheiros entediantes para alcançar um estado superior, e nosso mundo é caótico demais para prosseguir sem esses cães de guarda.
Infernalistas: Realmente são crianças patéticas. A não ser, é claro, que estejam certos... mas isso é impossível.
Discrepantes: Todos eles não foram e estabeleceram algum Conselho ou algo parecido?
Desauridos: Comem cascalho e reviram as fossas. Nossa!


  
  

Para alguém capaz de tocar os céus, nada é
impossível; se esses céus parecem infinitos,
seu poder também é infinito.

  




Referência bibliográfica 
BRUCATO, Phil. Mago: a cruzada dos feiticeiros. São Paulo. Devir. 2002.
  

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