30 de novembro de 2011

Svetlana Olen ¥ Cap. 22 – A partida.


¥ Svetlana Olen ¥ 

Estávamos em dois dias na cidade quando acordei com meu pai gritando: 

- “Mas você prometeu ficar até nos encontrarmos a salvo! Você prometeu Bruno!”

- “Senhor, vocês já estão a salvo. Vocês agora já se encontram em Florença e eu tenho que continuar o meu caminho. Tenho que voltar para Milão e de lá seguir até Avignon. Meus serviços estão sendo solicitados novamente. O governo me ordena voltar. Não há nada mais que posso fazer!”, disse Bruno tentando se explicar.

O desespero de meu pai era maior, não porque ele pensava que não estaríamos mais em segurança, mas sim pela possibilidade de um casamento para mim sendo desfeito como tratos com mentirosos.

Já era hora. Deveria ter percebido que ele deveria seguir o seu caminho e eu o meu. Apesar dos opostos se atraírem, neste nosso caso específico, teríamos que nos distanciar. Nossas missões estavam longe daquilo que seria uma realidade conjugal. 

Ele ainda tinha sua mulher, bem ou mal, ainda estava “viva”. Ela sentia sua falta sem compreender a verdadeira natureza de seu amado.

A dor era muito grande por saber de sua partida.
Foi então que me distanciei e corri até a floresta próxima da casa do amigo de meu pai, na qual estávamos hospedados. 

Chorei na frente daquele rio muito próximo a ponte. Tinha que controlar, pois me vinham lágrimas de sangue quente que banhavam meu corpo. 



Por alguns minutos pensei que estava sendo observada, mas não havia pessoas perto de mim. Era somente a sensação de ter sido abandonada e querer uma afabilidade de alguém.  

Meu sofrimento rasgava meu peito que era preenchido como amargo veneno. Sentia meu corpo derreter e ser queimado pelo vento que começava a se tornar frio. Não tive coragem de voltar até lá. Era duro demais vê-lo partir. 

Fiquei vagando como um sem alma entre a feira e o rio. Não havia cores, odores nem paladar que pudesse me apetecer naquela hora. Suas lembranças ainda se melavam com as minhas. 

Pedia para Freia aparecer, mas era querer muito.
“Até você me abandona?”

Freia aparecendo para Svetlana
- “Ora, calhe a boca. Não sabe o que fala ou o que pensa. Deixe de ser imatura, levante e cresça!” A ouvi com um tom que reverberava em minha cabeça.

Quando foram as 16horas, ouvi meu nome sendo ecoado nas ruelas da cidade:
“Signora Svetlava, vi prego aspetami. Il vostro padre sta cercando di trovare la signorina”.

Ao me virar, vi um antigo senhor que conheci quando ele se apresentava em Kupala a mando de meu pai para ajudar com as mercadorias italianas e apresentar os gastos feitos e recebidos.

Foram os minutos mais longos que senti em todo aquele tempo. Não sabia o que fazer para abafar aquela hemorragia dentro de mim. Na rua, muitos me olhavam sorrindo, mas meu rosto mais parecia as pedras de gelo que encontrávamos no lago nas épocas árduas de inverno.



Ao voltar, ele já havia partido e deixado para trás um peso em meu corpo. Durante alguns minutos pensei que pudesse revê-lo algum dia, mas sabia que aquilo jamais aconteceria...
  
  
  

3 comentários:

Hugo Marcelo disse...

Grande Camila,

Excelente texto. Adorei as imagens.

Hugo Marcelo

dklautau disse...

Amor romântico. Trágico e visceralmente verdadeiro... Estamos próximos de Romeu e Julieta no renascimento.

A saudade do amor que se vai porque se sabe impossível... quem negará sua verdade?

Camila Numa disse...

huahuahauahuahhuauhahuahu
Essa foi boa Mestre!!!

Agora o poeta aqui es tu!

^^