28 de novembro de 2011

Cap. 8 - A chegada do madzimbábue




Tornei-me, enfim, um eutanatos. Como um membro de tão afamada tradição descobri segredos – e sofri tormentos - que, em toda a minha vida, não havia imaginado. Passei por rituais de iniciação longos e complexos, tais como os que foram relatados nos capítulos anteriores do livro que você, leitor curioso, usou para saciar sua sede de dores alheias – é engraçado como os homens se sentem vivos com a morte dos outros.
Os últimos capítulos que compõem a obra que você acaba de ler foram escritos durante a chegada de um eutanatos madzimbábue ao cray Labirinto do Minotauro há alguns meses. O Sviriko ainda está sendo avaliado, mas, nos intervalos dos rituais, me procura para conversamos sobre assuntos de seu interesse. Ele deseja entender mais sobre os caminhos do espírito e, como eu já o trilho há algum tempo – não tanto como deveria, porém mais do que minha mente é capaz – aceitei ajudá-lo.



Seu nome é Chaka Lumumba e ele veio de uma das cortes da caída cidadela Grande Zimbábue para canalizar a magia espiritual de morte. Ele afirma que sua missão é a destruição de todos os espíritos malignos que, porventura, cruzarem seu caminho. Agindo dessa maneira, poderá fazer com que os mortos alcancem o seu fim natural.
Como um Ta Kiti, ele é um tanatóico praticante de vodu e santeria africana, cuja devoção mistura sacrifício animal e invocações de espíritos a santos cristãos. Assim, conseguem invocar avançados espíritos ancestrais para auxiliar no entendimento do Ciclo da Roda.   
Ele precisa aprender bastante, entretanto, acabo de receber uma mensagem do conselho eutanatoi dizendo que devo comparecer urgentemente diante de sua presença. Sinto que algo extremamente grave ocorrerá e que precisarei ser destacado para outro lugar.
Meu aprendiz terá que esperar.
 
   

4 comentários:

Hugo Marcelo disse...

Grande Laredo,

Muito legal essa postagem. O Chaka chegou cantando pneu...

Bacana!

Hugo Marcelo
P.S. Não entendi a segunda figura.

dklautau disse...

D. Filipe, o ciclo se aprofunda na chegada do aprendiz de Heráclito. Grécia e África se encontram na tradição do madzinmábue.

Gostei do diálogo com o leitor! De fato ver a morte do outro sempre traz alívio e agradecimento pela vida. O que não dizer de tragédias e coliseus...

Bom texto

Filipe Larêdo disse...

Hugão,

É o Chaka Lumumba desenhado na segunda imagem.

Filipe Larêdo disse...

Valeu, Don Diego de La Mancha. Estou preparando uma descrição da tradição madzinbábue e posto ainda hoje.