24 de outubro de 2011

Cap. 14 – Caminhos à Florença.


¥ Svetlana Olen ¥ 

Ao acordar, me deparei com os criados pelo quarto terminando de arrumar meus pertences. A água da banheira já havia sido posta para fazer a minha higiene, já que por dias isso me seria impossibilitado.

A água estava morna e as criadas penteavam meus cabelos enquanto tentava relaxar. Para mim, nada se comparava com o banho que tomávamos para a entrada e saída de Eska ou quando íamos para os rios fazer o ritual de purificação.

Svetlana pensando no banho no rio, mas com sua roupa de banho que usa com as criadas.

Depois de algumas horas, já estava descendo as escadas em direção ao meu pai que me esperava lá embaixo.

-“Que perfume minha menina! Agora sim não há como não encontrarmos um belo rapaz para você enfim se casar! Já está se fazendo tarde! Não me deixas nesta vida sem netos para me alegrar!” Ele disse com um tom feliz, mas cobrador.
- “Papai, vamos está na hora!” – Disse já irritada com o mesmo assunto de sempre! “O problema papai, não é ter filhos, mas sim arranjar um marido que me mime como o senhor!”.
Com essa resposta, ele deu um sorrisinho e me estendeu o braço.

Ao sair, me deparei com os criados em fila me fazendo reverência. Sem tardar, abracei um por um, dando um beijo no rosto. Como poderia simplesmente partir sem me despedir daqueles que me viram crescer, sabendo que talvez, seria pela última vez?
Alguns sorriam, outros choravam.

Ao me virar para subir na carruagem, ouvi a voz de quase minha mãe dizendo:
- “Ora menina, irias partir sem ao menos me dar um beijo?” - Disse Sra. Ausra com a pele irrugada, cabelos brancos e as mãos que pareciam panos velhos, mas com a maciez de flores de algodão.
- “A senhora bem sabe que não gosto de partidas!” – Com minha voz meio engasgada.
- “Cada partida é um novo começo. Saberás disso quando chegares lá!” – Respondeu.

Ao me olhar nos olhos disse sem mover os lábios:
“Estarão lhe protegendo até os limites que podemos te seguir. Que os Deuses cantem sobre você. Há algo e alguém que ajudará a ter mais força...” – pegou minhas mãos e as beijou, deixando sem os outros perceberem, um saquinho entre elas.
Deu-me um beijo na cabeça e me ajudou a subir. 

Ao me olhar aquele local onde corria quando criança, um sentimento grande foi apertando meu coração, mas ao mesmo tempo, uma sensação de liberdade foi crescendo, a medida que iamos nos distanciando dele...


Pouco tempo depois já estavamos na estrada. Assim que meu pai adormeceu dado o cansaço pelas viagens que tinha feito na semana anterior, abri o saquinho e pude ver gemas preciosas e semi preciosas (rubi, ametista, esmeralda, citrino, granada, águas marinhas, topázio e diamante). Cada uma com um desenho sobre elas. Era encantador, por menor que fossem. Fechei o saquinho e guardei entre meus seios, sabendo que dali não sairia.

Durante os dois primeiros dias, dormi durante a maior parte do tempo. O odor de flor de laranjeira era muito relaxante. Durante as noites, alguns Garous andavam pela floresta como se tivessem me observando. Não reconheci nenhum deles. Outras vezes, via luzes semelhantes à vaga-lumes que insistiam em passar ao redor da carruagem. 


 Ao cruzar a fronteira de meu país, tivemos que fazer uma parada, devido uma das rodas ter quebrado. Ao entrar na cidade de Suwalki, fomos à uma Hospedaria, onde  próximo havia uma taverna. 

Após algumas horas de sono, me levantei enquanto meu pai ainda roncava, me preparei muito bem como Sra. Ausra havia me ensinado, tornado-me quase irreconhecível!

Entrei e me acodomei em um canto. Haviam muito bêbados e fanfarrões que se alegravam ao ver as mulheres cantando e dansando. 
Havia um homem que me observava sem cessar, mas não ousava se aproximar. Fui ao seu encontro. Trocamos frases e logo depois, já estava absorvendo o que sua alma havia de mais pura e forte...

"Prudencia Svetlana!!!". E o deixei jogado no celeiro respirando.

A viagem era longa e por algumas vezes, viemos parando em alguns pontos específicos, seja para nos abastecer de comida, bebida, fazer reparos ou comércio.

Fui me deliciando a cada momento, com cada homem que encontrava no meu caminho. Me lembrava das palavras de Sra. Ausra que vinham sem parar a cada nirvana meu “seja cautelosa, proteja-se!”. E assim o respeitei.

Me sentia mais forte, mais capaz de enfrentar os novos caminhos que cruzariam com o meu destino. Estava trilhando aquilo que me era pré-destinado. Ou pelo menos acreditava.

Após termos cruzado quase a Europa, ao chegar em Brescia, percebi que não havia somente às cores amarelas, vermelhas e marrons que anunciavam o outono, mas um homem que já havia visto na cidade de Klatov e Freising. 
Algo havia de errado. E tenho certeza que não se tratava do meu destino.
   

 
 
   

4 comentários:

Hugo Marcelo disse...

Grande Camila,

Texto muito interessante...
Sinto que vc está sendo seguida!! Heheheheh

Hugo Marcelo

Camila Numa disse...

Usou magia pra detectar isto Hugão???
hahahhaa
Bjs!

dklautau disse...

A notória sede de Svetlana! Estava realmente um pouco esquecida, bom revê-la. Coitados dos homens...

Esse carinho dos garou é bem típico mesmo, mas e os vaga-lumes? São feéricos?

Klatov! Meu sobrenome vem dessa cidade. Bom vê-la citada no prelúdio.

Quem será o assassin´s creed que está perseguindo Svetlana??

Excelente, d. Numa.

Camila Numa disse...

Sério? Klautau... Klatov!
A cidade foi escolhida pq se aproximava de "Kupala Alka".

Tem mais que isso me perseguindo!
Ainda n descrevi a noite daquele nefando dos diabos...