24 de outubro de 2011

Cap. 13 – Sudie Svetlana!¹

¥ Svetlana Olen ¥ 

Olhava para as paredes da Capela de Eska e me encontrava nelas a maior parte das vezes. Revivia os momentos que passei, todos os anos que pude desfrutar de cada honraria que por lá aconteceram. Se antes havia o corre-corre, hoje estava mais pela não-vida que ocupava o local. 

Cray de Eska antes da partida de Svetlana

No local ainda podia se sentir vida, mas não com aquele mesmo frescor de outrora. As águas que ali desciam, pareciam mais ecos em uma caverna vazia, do que música aos nossos ouvidos.

Ainda havia sim, reuniões com outros Magis, mas não precisamente para celebramos algo. Éramos poucos. Muitos haviam partidos, outros foram proteger artefatos, e alguns desaparecidos. Aquele meio estava me causando medo, mas ao mesmo tempo, uma grande curiosidade! 

A tristeza da ausência de muitos ali era ressentida por todas nós, mas o vazio da nossa perda maior de Vitalija foi muito maior. Sra. Ausra tentava me explicar que ela ainda continuava “viva”, mas sem a mesma luz de vida por dentro. Não seria mais de compreender ou nos reconhecer. E o pior, não havia nada que fizéssemos para reverter o caso...

Os dias passaram-se muito depressa. Sra. Ausra me embriagava com as palavras e magias que deveria seguir, lembrar e aprender: Florença,  Outros Magis, cuidado com altas tecnologias, Dedaleanos, ser prudente, ser discreta, disfarçar me sempre que possível, o Profeta Sh´zar, importante para as tradições nas próximas décadas, Cray de Santa Croce, nunca falar de Garous, etc. 

Tentava me concentrar, mas só vinha na minha cabeça o entusiasmo de viajar, conhecer novos locais, novas culturas, novos Magis.

“Com certeza bem diferente destes daqui” falei um dia em voz alta. 
Sra Ausra, com o olhar, me repreendeu e baixei a minha cabeça.

As reuniões se tornavam monótonas, o frio do local era mais intenso e a ausência de nossas celebrações eram esquecidas.

Freia fazia tempo que não aparecia, me deixando meio irrequieta. Toda vez que tentava falar com ela, acabava tendo uma resposta muito mal-educada e grosseira dita pelos seus compromissos maiores e certos cuidados à mim que não teria como compreender agora.

- “Sei, sei, agora você anda se importando mais em aumentar seu colar de pérola do que me aconselhar ou rogar por mim!”.

Depois disto, senti uma dor muito grande dentro do peito e fiquei cega por algumas horas. 

“Ótimo, muito obrigada!” - Respondi como uma garotinha mimada tentando dar a última palavra. Pelo menos não fiquei muda depois desta frase!

Em nossa casa, estava tudo organizado e a deixaríamos na responsabilidade de Svak, o guardião da cidade. De qualquer forma, uma vez a cada dois meses, papai deveria retornar para continuar os seus contatos de venda por aqui, por isso acabamos ainda preservando os mesmos criados e teriamos outros em nosso novo lar. Sra Ausra também iria tomar os cuidados devidos com a proteção do local, uma vez que papai decidiu contratá-la para ser a governanta em quanto estaríamos fora. Idéia dela mesmo, que fez com que nos sonhos, papai tivesse essa “grande idéia”!

Um dia antes da minha partida, os pequeninos brilhantes que dançavam por vezes próximas à nós, vieram me saudar. Sabiam da importância da minha missão. Aliás, sabiam bem melhor do que eu mesma! Viriam com um presente: uma flor de laranjeira que tinha um perfume estraordinário. Agradeci imensamente e eles com risos que por hora poderiam assustar, me sentei com eles.


Sra. Ausra veio em minha direção e como que cantando, fez nascer uma fogueira a nossa frente. Algumas das Magi que por lá se encontravam, saiam do Cray pelas águas geladas, caminhando para sentar também ao redor. Era outono e o frio já chegava com muita intensidade, mas todos nós pouco nos importávamos. Era o primeiro dia, depois de muitos outros que não se celebrava algo por ali.

    
Podiamos escutar alguns uivos dos Garous que sabiam também da minha partida, mas que estavam resguadando-se por algo que “viria ser muito maior”. 
Era Lua cheia. A música era estonteante. Gargalhávamos muito, dançamos, mas também bebemos toda aquela mesa farta de frutas e algumas carnes ainda cruas, com sangue que decorava a mesa. Lambuzávamos naqueles licores e odores. Era o último dia.

Reconheci algumas das criaturas gigantes que semana passada havia chegada feriada e teria sido curada por uma de nós. Neste dia respirava com muita sede e fome aquela áurea que ali se fazia.

Sabia que era a hora. Levantei-me e quando todos menos notavam, fui adentrando sem fazer barulho, voltando para a casa de meu pai, em rumo ao meu destino. Que os Deuses me acompanhem!

¹ Adeus Svetlana
   
      

6 comentários:

Filipe Laredo disse...

Amor,

Como você consegue ser tão intensa nos seus textos?

E as imagens correspondem perfeitamente ao que você quer dizer.

Parabéns

Camila Numa disse...

É pra melhor abafar os erros "lindos" que eu faço de português!
hahahahahahaha
=}
=*

Hugo Marcelo disse...

Oi Camila,

"Nunca falar sobre os Garou" - adorei esta frase... Heheheh

Gostei muito das imagens, principalmente das flores.

Excelente texto.

Hugo Marcelo

Camila Numa disse...

Obrigada Hugão!

dklautau disse...

Quem são os pequeninos brlhantes? Espíritos ou feéricos?

As imagens continuam muito boas e estou quase me sentindo numa festa pagã!!

Camila Numa disse...

Os pequeninos/vagalumes são unseliee.
^^