24 de outubro de 2011

Cap. 12 – Encontro com a águia e o lobo.

¥ Svetlana Olen ¥ 

Freia chegava cantarolando em meus sonhos com certa pertinência nos últimos dias. Como havia semanas que se ausentava para acompanhar o ciclo das guerras que acontecia nas proximidades de Kupala Alka, ao meu ver, era a sua maneira de dizer que estava me observando.

Sra Ausra mandou-me uma mensagem pedindo para que comparecesse no dia seguinte frente à entrada subterrânea do Cray, para termos uma conversa muito séria em relação a uma missão. Pediu para estar antes mesmo do sol nascente na entrada sem avisar ninguém. E assim o fiz.

Chegando lá, observando ainda o luar, um barulho quebrou o silêncio local. Ao me virar, me deparei com Embry caminhando feito um lobo na minha direção. Com os seus rangidos, pude entender que me pedia para sentar e esperar mais um pouco.

Enquanto aguardava ainda sem saber o porquê deste encontro, fazia crescer as plantas que Embry havia destruído quando saiu do mato. Procurei caprichar nas cores e perfumes pra dar um clima mais alegre naquela semi-escuridão.



Exatamente 31 minutos e 64 milésimos depois, Sra. Ausra apareceu voando do lado oposto onde havia recriado as flores para impressioná-la. De nada adiantou. Ela em apenas alguns segundos, ainda em forma de águia, deu um rasante, balançando a cabeça em direção à Embry e me segurou pelos ombros, fazendo me subir. 

Atravessamos um bom pedaço de terra pelo litoral até avistar a colina que delimitava a praia escondida do Cray com o lado de Floresta protegido pelos Garous. Embry corria por baixo seguindo nossa sombra. Ao posarmos, percebi que suas garras tinham me perfurado a pele, pois sentia um líquido quente escorrendo em mim. Ela se aproximou e já como humana, lambeu meus ferimentos e ao cuspir, minha pele já havia se rejenerado. Poucos minutos depois, Embry apareceu já também em forma humana. 

Ao retirar o capuz as canções que me ninaram na noite anterior resurgiam, mas notas de deboches exalados por Freia. 

Embry, acocado, observava em cima de uma pedra, e que por algumas vezes, sentia os odores que se balançavam no ar, com as mãos apoiadas no chão.

Sra. Ausra me disse que em breve deveria partir e que já havia organizado minha viagem para Florença, uma cidade italiana muito famosa na Europa pelo seu desenvolvimento.

- Mas e meu pai? – Perguntei como se deveria fazer toda não desperta...
- Ele irá com você. Devemos lhe proporcionar toda a cobertura necessária para tentar passar despercebida. Ele mesmo lhe contará amanhã que dentro de duas semanas, deverão descer, para melhorar os seus lucros, blá, blá, blá. Enfim, você terá uma missão a cumprir jovem Svetlana. Deverá aperfeiçoar, saber lidar com mudanças e acima de tudo, acreditar sempre na essência da vida. – Disse Sra. Ausra com um tom de voz meio contido.

Pensei: Essência da vida? Eis uma coisa que me apetece muito... Saborear novas energias que cruzarão o meu caminho. Dizem por aí que os italianos são quentes...

- "Concentre-se Svetlana!!! Aqueles imundos estarão em toda parte. Gaia não poderá lhe proteger se não te doares à protegê-la também! Seja sábia! Encontre os seus e faça o que tem que ser feito! Nós continuaremos aqui a defender nossos interesses comuns. Mas Ausra necessita de você. Aliás, todos da sua raça necessitarão disto." – Falou Embry de forma ríspida como se pudesse ler os meus mais sujos pensamentos!
- "Svetlana terás que partir e temos poucos dias para passar as informações e cuidados. Nem sei se nosso Cray ainda está protegido. Em todo o caso, nossos encontros acontecerão sempre antes do nascer do dia, até o pôr do sol em frente ao Cray. Não conte a ninguém. A nenhum Magi!" - Complmentou Sra. Ausra.

Houve um silêncio no ar, e sem dizer nada, percebi que Sra. Ausra me escondia algo.
- "Svetlana o nosso destino está mudando. E com ele, essência de vidas estão sendo arrancadas sem nenhum escrúpulo por seres que se dizem superiores. Já perdemos muitos. Vitalija também se foi minha menina... Mi dispiace¹”. 

Uma musicalidade bateu em meus ouvidos. Sra. Ausra se virou e Embry abraçou-a. Um vazio se fez dentro de minha cabeça. Os raios do novo dia já estavam queimando a minha pele delicadamente. 
Sabia que isso era o começo de um Novo Tempo.
   


¹ - Sinto muito
   
    

4 comentários:

Hugo Marcelo disse...

Oi Camila,

Muito legal esse texto.
Gostei da relação da maga com as criaturas da natureza: o lobo, a águi, as flores... Muito legal.

Hugo Marcelo

Camila Numa disse...

Estou tentanto esclarecer um pouco os meus conhecimentos sobre os feéricos, garou etc...
^^

dklautau disse...

Uma das coisas mais legais é o cuidado da combinação entre texto e imagens. Parece que foram feitas propositalmente.

A Svetlana é uma verbena de mão cheia. Ler os textos é quase como voltar a um tempo onde as cores eram mais vivas e os cheiros mais tangíveis.

Primor de texto.

Camila Numa disse...

Obrigada pelas palavras Diego.
Mas o que somos, vem da inspiração do Mestre!!!