22 de março de 2011

Sessão de Jogo 20/03/2011 (Novembro - 1.404)


    
Os magus são violentamente atacados pelas harpias, sendo vencidas com o auxílio de Nesso e outros centauros, que então os escoltam até o fim do “Segundo Vale” do sétimo círculo. Antes de prosseguirem, Svetlana propõem a realização de uma magia em conjunto para se recuperarem dos graves ferimentos sofridos. O ritual é realizado com sucesso e todos os magos são revitalizados e marcham para seu destino, confiantes, porém constrangidos pelo espírito da violência, principalmente Abdul que aparenta estar sendo tomado pelo orgulho, assumindo uma postura jihadista.

Os magi chegam a um deserto incandescente, o areão, onde
chove chamas sobre terra areenta, como chove neve nos Alpes
. Dentre a multidão de almas ali atormentadas, uma se destaca. Um soldado, provavelmente um capitão da milícia florentina ergue seu braço e se volta para Eleonora e grita “mãe”. Esta se desespera, tenta ir em direção à seu filho, mas é impedida por Abdul e Heráclito. Neste momento, sob os lamentos do ex-miliciano e o desespero de sua mãe, aparece Maria Madalena que revela à Eleonora que seu filho João Batista se integrou à milícia Florentina e por ocasião de um cerco a cidade de Pizza, ele profanou um templo, destruindo hóstias consagradas diante da imagem de Nossa Senhora, sendo eternamente punido por sua blasfêmia.

A maga se desespera, mas seu daemon lhe dá uma chance de reformular seu passado. Ela volta ao momento que João Batista é convocado para a Milícia e o presenteia com um escapulário e o aconselha sobre as “verdades eternas”. Neste momento seu filho desaparece do areão, bem como Maria Madalena. Ainda muito abalada se recompõem e, juntamente com os demais magos, ruma para a fronteira do sétimo círculo, as “Cachoeiras de Sangue”, a nascente do rio Flegetonte. Após atravessarem-no por uma passagem no fundo do vale, Abdul faz uma magia para que uma das almas agonizantes se aproximasse da margem, para que sua culpa fosse revelada: se tratava do primo de um príncipe que por cobiçar seu trono, fez um cerco ao seu castelo, o invadiu e o decapitou a reveria dos protestos de um bispo. O nobre então blasfema sobre Deus e sua autoridade e para provar que era superior a este, aprisiona o bispo em uma jaula e o humilha por anos, até que viesse a falecer. Heráclito então apreende a culpa desta alma na moldura, que adota a imagem de uma jaula que aprisiona uma coroa quebrada, da qual escorrem gotas de sangue.




Ao chegarem no final do sétimo círculo, se deparam com um fosso, um precipício por onde se insinua as águas do Flegetonte. Abdul propõem a realização de um ritual em conjunto para deslocar um pedaço do chão, para que formasse uma plataforma que os transportasse ao fundo do precipício. Quando os magos iniciam o feitiço, algo aterrorizante acontece: Eleonora perde a consciência, flutua por entre espasmos e então aparenta estar fora de si. Aurora se aproxima e tenta dar um tapa em seu rosto para trazê-la de volta à consciência, mas é agarrada e, com força sobre-humana, arremessada para longe, ao solo.

Abdul valendo-se de seus poderes, tenta adentrar a mente de Eleonora, mas se depara com um espírito, que o expulsa. Abdul se desespera e começa a orar implorando que Allah livre Eleonora da possessão demoníaca. Neste momento Heráclito, Eleonora e Svetlana iniciam uma luta contra o espírito e finalmente conseguem exorcizá-lo e estarrecidos contemplam um espírito com face de leão que se retira, não sem antes amaldiçoar os magos.

Após este combate espiritual, os magi realizam o ritual em conjunto: Abdul ergue seus braços e começa a cantar canções Sufi, Svetlana se pinta com desenhos tribais e Aurora bate seu bastão no chão, criando uma fissura no solo que delineia um quadrilátero que se ergue e vagarosamente se dirige para o abismo e iniciam um lento movimento para seu interior.

Passado alguns instantes, no horizonte aparece uma criatura alada, com três braços e três cabeças que se aproxima dos magi e os inquiri com que autoridade invadem o inferno. Abdul se identifica como servo de Allah, resposta que não o satisfaz, mas é persuadido por Heráclito ao lhe apresentar a “Moldura” com a culpa aprisionada. O “Ser Alado” se identifica como Gideão e adverte os magos que estão prestes a penetrar território infernal particularmente maligno, onde poucos demônios têm autorização de permanecer e se retira apressadamente.

Ainda transtornados pela possessão de Eleonora, temerosos pela advertência de Gideão, a cabala de Florença finalmente atinge o fundo do poço e se deparam com o oitavo círculo, o qual é circundado por uma muralha de pedra cor de ferro, o Malebolge, o local destinado aos fraudulentos. 

Neste momento, algo parece estar errado com Heráclito, como se alguma coisa o impedisse de prosseguir. Ele se prostra e chora ao se recordar das fraudes que cometera no passado, o roubo e a troca de identificação de livros, em inúmeras bibliotecas. Ele então pega uma corda com espinhos e se flagela, ferindo sua perna, o que causa grande estranhamento para Abdul.

Dessa forma, os magos começam a perceber que mais difícil que enfrentar as criaturas infernais, é se defrontar com seus demônios interiores, contra os quais a magia é inútil. Aos poucos, os domínios do inferno vão tendo lugar nos corações dos Magus.
  
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Onde iria Dante procurar o modelo e o assunto do seu inferno senão no nosso mundo real? E, contudo, é um perfeito inferno que ele nos pinta. Ao contrário, quando ele tratou de descrever o céu e os seus gozos, encontrou-se em frente de uma dificuldade invencível, justamente porque o nosso mundo nada oferece de análogo.

Em lugar das alegrias do paraíso, viu-se reduzido a dar-nos parte das instruções que lhe deram os seus antepassados, à sua Beatriz e diversos santos. Daqui se deduz claramente que espécie de mundo é o nosso. O inferno no mundo excede o inferno de Dante.
Artur Schopenhauer


7 comentários:

Hugo Marcelo disse...

Oi pessoal,

Eu particularmente adorei esta sessão de jogo, foi uma das melhores que já tivemos. Parece realmente o enrede de um filme...

Agradecido pelo jogo,

Hugo Marcelo

Hugo Marcelo disse...

Caros colegas de mesa,

Se alguém quiser modificar alguma coisa, ou acrescentar, fique à vontade.

Hugo Marcelo

Hugo Marcelo disse...

Diego,

Obrigado pela mestragem e...

Dois pontos!!

Hugo Marcelo

dklautau disse...

Fala hugão. Parabéns pela descrição. Muito boa.
Pelas frases em itálico, imagino que tenham sido retiradas da própria comédia de Dante!
Os dois pontos estão garantidos!
Abs.

dklautau disse...

A pintura do inferno é excelente também! Uma panorâmica do inferno vem bem a calhar na situação atual!

A citação do schopenhauer ficou muito pertinente.

Hugo Marcelo disse...

Oi Diego,

A imagem é para a melhor compreensão de onde está o "precipício" da sessão passada.

A citação do inferno de Dante por schopenhauer é para demonstrar a importância e o alcance da obra de Dante, que influenciou renomados filósofos. E a traque-comédia do nosso jogo: para Schopenhauer, o inferno de Dante imitou a realidade; no nosso jogo, o inferno de Dante quer se insuar para a realidade... Hehehehe

Hugo Marcelo

Hugo Marcelo disse...

Outra coisa, Dom Bosco quando teve sua visão do inferno, algo me diz que foi coerente com o paradigma Dantesco... Hehehe