29 de outubro de 2009

Prelúdio Aurora

Meu nome é Aurora Medici. Nasci em 13 de agosto de 1383. Era uma sexta feira, e o vento frio do final do inverno invadia as janelas do quarto onde mamãe sofria as dores do parto. Fui uma criança feliz, sadia e aparentemente normal. Não conhecia a tristeza, nem a solidão, até o dia em que minha mãe padeceu, tragada pela peste. Eu tinha aproximadamente 10 anos de idade e a falta de uma figura materna fez-me apegar-me a minha ama. Porém, com o tempo, regufiei-me nos estudos e foi assim que descobri minha única paixão: a alquimia! Eu passava a maior parte dos dias debruçada em livros de magia, aprendendo a manipular e a decifrar todos os tipos de elementos. Os mais comuns. Os mais estranhos. Escondia-me em uma pequena sala sob o imenso casarão de meu pai, onde eu também atendia a vizinhança sem que meu pai soubesse. Eu identificava jóias e prescrevia remédios caseiros. Muitos me chamavam de “a curandeira”.
Por muitas vezes papai tentou convencer-me a largar a alquimia. Algumas tentativas com fala amorosa, outras com suborno, e outras ainda com ameaças cheia de rancor e autoridade. Nunca funcionou. Até que numa noite, com medo de uma nova era que se erguia frente aos muros de Firenze, vi meu pai mergulhado em um misto de temor e ira tentando arrancar-me a magia cuja minha existência dediquei. Já não podia separar-me dela. Aquilo que a razão jamais poderia explicar estava entranhada em minhas veias. Éramos uma só.
Sem pensar em outra solução fugi de casa, levando apenas poucas roupas para me proteger do frio, alguns florins que juntei com meu trabalho, e meus livros preferidos, com as magias mais especiais que um dia já soubera executar.
Não tendo a quem recorrer, encontrei abrigo na loja de meu mestre. Ele me acolheu com a condição de que eu fizesse a limpeza do lugar. Prontamente aceitei e quando ele não estava por perto, me ocupava com a magia utilizando seu laboratório. Com o tempo, tornei-me uma ameaça, pois Vacilio percebera que eu ficara mais poderosa, mais sábia e mais ágil em manipular a natureza, deixando-o para trás. Sim, a aluna superara o mestre, embora muito jovem e um pouco insegura.
Certo dia, estando eu atrás do balcão da loja lendo um de meus livros de alquimia, apareceu-me uma velha, morena, baixa, franzina porém firme e que trazia em seu semblante certo ar de mistério! Tinha longos cabelos lisos e escuros como terra molhada, e usava uma roupa pouco comum, coberta por uma túnica marrom-dourada, bordada com as mais belas cores, nunca jamais imitadas. Questionou-me sobre minha vida, minha família, e sem muita paciência agarrou-me pela mão e abrindo a porta da loja, algo mais do que mágico, sobrenatural, acontecera: lá estávamos nós, na gênese do planeta terra, no início da vida, no vazio da toda existência. Gaia fez-me ver a dança da natureza, com toda a sua força e a sua sutileza. E fez-me ver o primórdio, a essência da vida, a essência das coisas, a essência da própria essência!
Assim, todas as tardes Gaia vinha até mim e me ensinava novas e intrigantes magias. Senti que não era mais a mesma, e esse sentimento se confirmou quando numa certa noite, recebi um pacote. Dentro dele havia um diamante, seu brilho era de uma intensidade nunca antes vista. Demorei a entender o que aquela encomenda significava. Não dava mais para voltar atrás. E foi aí que a minha jornada interior e coletiva começou!

2 comentários:

Camila Numa disse...

Aurora, minha salvadora!
hehehehehehe

Eu já falei que adorei o prelúdio como se vc tivesse falando com os leitores, né???

=)

Bj pra mamãe!

Fabi Dias disse...

Estou em falta...
Preciso da bolsa prelúdio!!!!hehehe...