29 de outubro de 2011

Cap. 18 - Equilíbrio da Vida

¥ Svetlana Olen ¥

Era de se admirar os discursos que Bruno realizava sobre os acontecimentos em sua vida e da estratégia de combate que possuía.

Porto de Gênova
Enquanto passeávamos em Gênova, uma cidade portuária bem mais interessante do que as pequenas por qual havíamos cruzado, Bruno me contava que trabalhava para os padres de Avignon, com o intuito de estar mais perto dos acontecimentos. 
      
Ruelas de Gênova
Era fácil para ele dar um “trato” naqueles que desobedeciam a Igreja, mas também àqueles que alteravam o ciclo dos Magis ou que tentava nos prejudicar. Tinha prazer no seu trabalho e em tudo que fazia. Tentava ser o juiz da vida de cada um.
Disse-me que participou de cruzadas como aprendiz, que salvou muitas vidas inocentes, mas que nunca se esquecera do dia que fora humilhado na morte de sua esposa. Ele falava com tal magoa e raiva que por vezes eu até me fazia vomitar.

- “ Agradecerei todos os dias de minha vida por ter conhecido Antoniette. Tive dificuldades em provar meus sentimentos por ela, principalmente a sua família. Ausra que tem um bom relacionamento com os franceses, me ajudou a provar daquilo que sentia por ela. Até porque ela e Embry já tinham um relacionamento estável e aceitável na época. Lembro-me ainda dos seus cabelos e do poder que ela era capaz de emanar", me contou com um sorriso, mas logo complementou:

- "Me recordo também do olhar perdido que ela me enviou quando morreu e não sabia para onde ir...”. 

O olhar do adeus

- “Pelo visto, não somos somente nós as Verbenas capazes de amar!”, falei para quebrar o ar pesado que estava lá.

Fingimos rir, mas o caminho nos levou ao silêncio.

Podia mesmo assim sentir cada sentimento que ele exalava pelos seus poros, a raiva que banhava seu rosto com muita determinação e a mistura de vingança e justiça que seus gestos eram capazes de dizer.

Pela primeira vez o vi com uma lágrima no rosto, mas que logo depois vaporizou com a vermelhidão que tomou sua face.

- “Bruno, tenha seriedade. Agora sou eu que lhe peço prudência! Daqui a pouco todos vão notar o que você está deixando aparentar...” falei baixinho.

Ele respirou e logo depois ficamos novamente em silêncio.

Palavras naquela hora me fugiram, assim como qualquer ação.
Ele conseguia mudar muito rapidamente suas expressões e sentimentos, lhe faltava equilíbrio na vida. Lhe faltava amor.
   
    

2 comentários:

Hugo Marcelo disse...

Grande Camila,

Homem sem amor se torna uma besta ensandecida!!
Excelente texto...

Hugo Marcelo

dklautau disse...

Ausra e Embry!!! Quantas revelações!!!

Bruno é um euthanatos que participou das cruzadas. How interesting.

De fato um verbena é sempre uma boa referência sobre o amor. Será que o Bruno foi uma preparação para Svetlana aceitar casar-se com Heráclito?!

Parabéns pelo texto, d. Numa.