14 de março de 2010

Novos detalhes dos afrescos de Giotto revelados com luz ultravioleta

 
A descoberta pode mudar o curso de estudos sobre o artista italiano

FLORENÇA, sexta-feira, 12 de março de 2010 (ZENIT.org).- Uma luz ultravioleta revelou detalhes até então desconhecidos dos afrescos de Giotto, localizados na capela Peruzzi da basílica da Santa Cruz, em Florença.

Trata-se das pinturas que recriam passagens das vidas de São João Batista e São João Evangelista, datadas de cerca do ano 1.320, onde antes só se podia ver uma sombra pálida.

Graças a essa descoberta, os restauradores podem ver alguns volumes, decorações e detalhes com um surpreendente naturalismo, o que tornam essas obras mais valiosas. Esse feito pode representar um marco nos estudos sobre o célebre artista italiano dos séculos XIII e XIV.

A perda de detalhes das obras de Giotto presentes nessa capela se deve às várias restaurações que sofreram. No século XVIII, os afrescos foram cobertos com cal, e no século XIX foram redescobertos pelo pintor e restaurador Gaetano Bianchi, que repintou os traços e os detalhes danificados.

Em uma terceira restauração realizada em 1958, foram retiradas as partes que foram refeitas por Bianchi, o que debilitou as figuras e as deixaram frágeis. Agora, graças à luz ultravioleta é possível, vê-las como eram originalmente.

Essa descoberta é fruto de um projeto que se iniciou em 2007 entre o Museu Opificio delle Pietre Dure de Florença, a Obra da Santa Cruz e The Getty Foundation de Los Angeles para um diagnóstico sobre os afrescos desse autor presente na basílica de Santa Cruz.

“Muitos detalhes da obra original giottesca”, disse em declarações à imprensa Cecília Frosni, coordenadora dessa investigação, “perderam-se para a visão normal: Giotto decidiu realizar a pintura a seco para obter efeitos diversos sob o que era feito com a técnica do afresco”, garantiu.

Frostini esclarece que os materiais usados originalmente eram “frequentemente utilizados para pintura em madeira, que ao longo do tempo não se mantiveram; seus vestígios em combinações com alguns pigmentos foram descobertos somente com raios ultravioletas”.

A equipe que trabalha na investigação dessas pinturas é composta por 34 pessoas, entre historiadores de arte, restauradores e pesquisadores. É esperado que as obras em diagnóstico durem em média dois anos e meio, tanto na capela Peruzzi como na Brandi, que também faz parte da basílica de Santa Cruz.

Até o momento, os novos detalhes descobertos somente são visíveis com esta luz ultravioleta, mas a exposição contínua desses raios podem danificá-las ainda mais.

A única forma de compartilhar a descoberta com o público em geral pode ser a digitalização dessas imagens, que permite aos visitantes desfrutar de uma capela virtual nas telas de computador.

Pouco se sabe da vida de Giotto, o grande pintor do século XIII e XIV, cujas pinturas se caracterizam por representações tridimensionais do espaço, a recuperação do naturalismo, da imagem, da figura humana e da introdução de uma dimensão afetiva.

Na monumental basílica gótica de São Francisco, principal ponto de referência de Assis, na Itália, Giotto pintou uma de suas obras-primas: as principais cenas da vida de São Francisco: sua conversão, o abandono de seus bens, um momento de êxtase, a canonização de São Francisco, entre outras.

Giotto passou de um estilo bizantino para um mais realista e inovador. Alcançou seu máximo explendor às ordens do Papa Bonifácio VIII.

Ele aprendeu a representar não só pessoas, objetos e paisagens, mas também, pela primeira vez em muitos séculos, o estado psicológico dos personagens por meio das posturas e expressões dos rostos.

Fonte: ZENIT

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